GIOVANA FREGAPANI

Friday, April 28, 2006

RESENHA


Baseada nos livros:
A Cultura da Interface, de Steven Johnson
O que é o virtual, de Pierre Lévy

O virtual e a cultura da interface

O avanço na área tecnológica causa profundas transformações nas áreas sociais, políticas e econômicas. A bomba da informática avança em velocidade acelerada e as mudanças são tão rápidas, que às vezes pensamos como era possível viver sem o computador e Internet. Estes trouxeram uma série de benefícios à organização da sociedade.
No livro “Cultura da Interface”, Steven Johnson, aborda algumas de suas experiências sobre o mundo da interface digital, afirmando que não se imagina mais escrevendo, sem usar o computador. “O uso do processador de textos muda nossa maneira de escrever – não só porque estamos nos valendo de novas ferramentas para dar cabo da tarefa, mas também porque o computador transforma fundamentalmente o modo como concebermos nossas frases”, destaca Johnson.
O que despertou seu interesse pela “tela” foi o design da interface, pois através dela, ele passou a sentir-se confortável o bastante em utilizar o computador para escrever. A interface gráfica foi decisiva nas aplicações de processamentos de textos, contudo, a facilidade da escrita digital atual, deve muito às inovações estéticas do desktop, que se tornou mais sedutor. Quanto à interface semântica, Johnson acredita que vamos continuar tendo controle sobre os conteúdos de nossas pastas, mas indiretamente. Este sistema de arquivos poderia dar ao computador mais controle em relação à organização dos dados. Porém, o autor não sabe se esta descoberta é um avanço ou recuo na interface.
A evolução nesta área não tem limites, sendo que a cada ano, surgem novas ferramentas, processadores e sofwares. Estas novas interfaces nos permitem interagir com essa tecnologia naturalmente, como por exemplo, se estivéssemos dialogando pessoalmente com alguém. O uso da Internet permitiu acesso à informação e à comunicação instantânea com qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo, expandindo as relações pessoais e profissionais.
Contamos com vários hardwares e softwares poderosos, que nos proporcionam um mundo infinito de conhecimentos. Realmente o computador mudou a forma de comunicação. Diante de tantas facilidades, surgem algumas questões, como, a legitimidade das informações disponíveis na Rede Mundial de Computadores, os danos causados por hackers e as influências negativas trazidas pelo bombardeio de informações. A tecnologia é válida na medida em que enriquece nosso conhecimento, melhorando nossa qualidade de vida.
Já Pierre Lévy, faz uma reflexão sobre a virtualização que atinge modernidade, destacando as modificações que esta traz em relação ao espaço e tempo. O virtual usa novos espaços e novas velocidades, reconstruindo o mundo.
As características do virtual são aplicadas, posteriormente pelo autor, ao corpo e à produção do texto. Lévy humaniza a virtualização, mostrando que o uso desta, está cada vez mais presente em nossas vidas, interferindo em nosso modo de aprender e pensar.
“A virtualização do corpo não é, portanto, uma desencarnação, mas uma reinvenção, uma reencarnação, uma multiplicação, uma vetorização, uma heterogênese do humano”, afirma.
Ele também faz um breve relato sobre a origem da escrita, destacando que os primeiros textos alfabéticos não separavam as palavras. Depois de muito tempo é que foram inventados os espaços em branco entre vocábulos, a pontuação, os parágrafos, os capítulos, entre outras formas que facilitaram a leitura dos documentos escritos.
Essas tecnologias funcionam com uma espécie de nós. Os vários capítulos de um livro, por exemplo, formam hipertextos. Segundo Lévy, “O hipertexto, hipermídia ou multimídia interativo levam adiante, portanto, um processo já antigo de artificialização da leitura”. Ele integra através de links, várias informações na Web, onde o virtual se torna um complexo problemático, o nó de tendências ou de forças que acompanham uma situação. O sistema de hipertexto mais famoso é o da Internet, vindo a facilitar o acesso às informações de maneira dinâmica.
Enfim, a combinação entre a informação e a interface (significado visual) é determinante para a usabilidade desta bomba chamada informática.